Por volta do século XVIII, quando a última dinastia “nacional” chinesa, os Ming, foram depostos por invasores da Manchuria, os Qing, o templo Shaolin se transformou em refúgio para dissidentes políticos, militares, nobres e religiosos.
Aos poucos,os Manchus percebiam que o ingresso dos oficiais chineses nos templos de Shaolin eram uma forma política e não religiosa de se ver livre das batalhas com eles. A partir de então, deixaram o respeito religioso de lado e tentaram invadir de várias formas o templo de Shaolin, mas sem sucesso, dada a dificuldade de acesso. Paredes muito fortes e altas e o perfeito esquema de segurança dos próprios monges impediam qualquer invasão. Um outro detalhe importante:os monges eram muito sábios e viviam baseados em uma economia de subsistência. Mantinham enormes plantações de alimentos junto aos templos, o que lhes permitia ficar anos sem ter de sair dali.
Os governantes Manchus, sabedores da impossibilidade de invadir o templo Shaolin, resolveram subornar um monge para facilitar a entrada dos seus guerreiros. Este monge traidor chamava-se Ma Ning Yee e recebeu como pagamento uma grande quantia em dinheiro e um cargo político de relevância no governo Manchu. Esta traição foi tramada com o apoio de três generais Manchus:Chan Man Yu, Cheung Ching Chow e Wong Chun May. O monge traidor colocou veneno nas águas do templo e o incendiou (1723 d.c). Enquanto o templo pegava fogo, ele abriu as portas para os guerreiros Manchus que, e pouco tempo, dominaram o templo e mataram a maioria dos monges. Somente cinco mestres e quinze discípulos conseguiram fugir da destruição.(Esta gravura representa o confronto dos Manchus contra os monges de Shaolin).
Dos discípulos, tiveram destaque na história social chinesa:Hung Hee Kung e Luk Ah Choy, criadores do estilo Hung Kuen, que, posteriormente, tornou-se famoso com o nome de Hung Gar; Fong Sai Yuk, responsável pela criação do estilo baseado nos movimentos dos cinco animais do estilo Shaolin;Tse Ah Fook Weng Chun e Tsung Chin Kum, que se tornaram lendas vivas do folclore chinês, graças às suas perícias em combates corporais.
O que se tem de relatos sobre o templo de Shaolin está mais baseado na tradição oral (as histórias contadas de uma geração a outra)e em alguns inscritos a respeito da história da China. A marcialidade chinesa deve muito aos templos e respectivos monges budistas. Exemplo diso é"O livro da transformação Muscular", em chinês I Chin Ching. Nele, é relatada a série de exercícios dos monges de Shaolin. O livro teve somente um volume, sendo que, deste, apenas dois escritos chegaram aos nossos tempos. São denominados em chinês de Shí Ba Luo Han Sho, que significam:Ás Dezoito Mãos de Luohan.
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