O Kung Fu, apesar de estar presente no cotidiano dos
chineses e fazer parte da herança cultural deste povo, tem sua origem distante
no tempo(e, para quem está no ocidente, no espaço). A distância aumenta com o
segredo que envolveu a prática das artes marciais em alguns períodos, para
garantir sua preservação e de seus praticantes. Portanto nem todas as informações
tem a precisão histórica com a qual gostaríamos de conter.
A partir do aperfeiçoamento das técnicas de luta entre
tribos, foram desenvolvidas as artes marciais, acompanhando os mais antigos
registros históricos da antiga China. Eis alguns dos fatos que marcam a
existência e o desenvolvimento do Kung Fu:
Dinastia
Zhou (Séc. XI – 221 A.C)
Luta livre,
arco e flecha, corrida de carruagem eram esportes militares. O Imperador Zhou
Wen (298 – 266 A.C) mantinha em sua corte 3.000 convidados que competiam dia e
noite para ver quem era o mais hábil no uso da espada. No final deste período –
durante a fase dos Estados Combatentes – muita ênfase foi dada à pratica do
kung fu, para que um exército se tornasse forte. O mais antigo livro sobre “A
arte da Guerra”, escrita por Zi Sun, data também desta época.
Dinastia
Han Posterior (25- 220)
Ha Tuo,
médico famoso, criou uma sequência de exercícios para saúde que imitavam os movimentos
do Tigre, Corvo, Urso, Macaco e Pássaro – o Wuqinxi, Jogo dos Cinco Animais.
Este trabalho teve profunda influência nos exercícios direcionados para a saúde
na China nos anos posteriores.
Dinastia
Jin (265 – 420)
O kung fu
recebeu influências do Budismo e do Taoísmo. Go Hong(284 – 364), famoso médico
e filósofo taoísta, integrou o QiGong(ou Chi Kung), importante ramificação da
medicina chinesa tradicional ao kung fu. Assim, a noção de que o kung fu
proporciona tanto o desenvolvimento externo como interno do praticante – o equivalente
ao ideal grego de mente sã em corpo sadio – permanece até hoje.
Dinastia
Wei do Norte(386 – 534)
Em 495, o
monge indiano Ba Tuo veio à China para pregar o budismo. O Imperador Xiao Wen
ordenou a construção de um mosteiro para o visitante. Esse mosteiro foi
construído nas montanhas Song, na província de Henan. Por localizar-se na floresta,
foi chamado de Shaolin北少林 (北 – significa Norte,
少 – significa
Pequeno, 林 significa Madeira, unindo-os gera Shaolin que pode ser traduzido
como Pequeno Bosque, Pequena Floresta ou Jovem Floresta do Norte). O desenvolvimento
das artes marciais no mosteiros tem a origem atribuída ao monge indiano
Bodhidharma Ta Mo, que durante alguns anos esteve neste mosteiro da China, em
torno do ano de 525. Há referências também a dois discípulos de Ba Tuo, Hui
Guang e Seng Chou como introdutores do kung fu em Shaolin. O crescimento do
kung fu Shaolin deve, de qualquer forma, ser atribuído ao trabalho de vários
monges, durante muitos anos. E a partir
do aperfeiçoamento da arte, a história do templo e do próprio kung fu nunca
mais seria a mesma.
Dinastia
Sui (581 – 618)
Envolvido em
guerras, o mosteiro Shaolin sofreu um incêndio- o primeiro dos três que marcariam
sua história.
Dinastia
Tang(618 – 970)
O Imperador
Taizong precisou enfrentar Wang Shichong e recorreu ao mosteiro shaolin, que
pela primeira vez foi usado como arma militar do império. O sucesso dos monges,
que capturaram Wang vivo, trouxe-lhes condecorações,
270 mil metros quadrados de terra e apoio para o treinamento dos monges. O
desenvolvimento das artes marciais recebeu um forte impulso.
Dinastia
Song (960 – 1279)
As
demonstrações de kung fu feitas nas ruas atraiam os olhares da população; uma
multidão se formava para ver os combates simulados. Um dos imperadores da
dinastia, antes de ocupar o trono, dedicou-se a um aprendizado intensivo do
kung fu Shaolin e desenvolveu 36 formas de ChangQuan (“punho longo”), que
derivariam uma escola com seu nome.
Dinastias
Jin e Yuan (1115 – 1368)
Bai Yufeng, de Shaolin, desenvolveu – baseado no
Wuqinxi – Cinco Exercícios de Mãos Lívres, imitando os movimentos do dragão,
tigre, leopardo, serpente e garça. Através de seu contemporâneo velho Li, tais
técnicas foram ensinadas em algumas províncias – portanto fora do mosteiro. O
kung fu Shaolin saiu dos limites budistas e já começou a sofrer variações que
formaram outras escolas.
Dinastia
Ming (1368 – 1644)
Os monges
viviam em paz com o império e desenvolveram-se bastante. Em 1553, o mosteiro
Shaolin enviou um grupo de elite de 40 monges liderados por Yue Kong, para
combater invasores na costa. Eles venceram muitas batalhas com seus bastões de
ferro antes de perderem suas vidas. O general Qi Ji Quan foi autor de um livro
e de teorias e métodos que contribuíram muito para o kung fu em geral.
Dinastia
Qing (1644 – 1911)
O exército da
dinastia Ming foi derrotado pelos invasores Manchu, que fundaram a dinastia
Qing. Muitos oficiais derrotados foram
abrigar-se no mosteiro Shaolin. A prática do kung fu foi proibida e surgiram
sociedades secretas que visavam tanto a prática das artes marciais como a
resistência aos governantes.
Em 1736, o
exército Manchu, perseguindo seus oponentes, atacou e incendiou o mosteiro.
Mesmo áreas sagradas foram destruídas, como o Templo Shaolin e o cemitério dos
monges. Entre os monges e os oficiais, poucos foram os sobreviventes. Os que
sobreviveram, no entanto, trabalharam para reconstruir o mosteiro Shaolin e
outros fundaram um novo mosteiro, na província de Fukien (ao sul, ver mapa).
O mosteiro de
Fukien teve cinco grandes mestres: Zhi San, monge superior; Wu Mei, monja
criadora do Wing Chun; Bai Mei, o “sobrancelha branca”; Miao Xian e Feng Dao De.
Apesar da curta duração (destruído em 1768), o mosteiro de Fukien divulgou
muito a arte de Shaolin através da criação das “36 câmaras de Shaolin”, salas onde se praticavam diversas técnicas.
Após a
destruição do mosteiro de Fukien, estabeleceram-se os cinco clãs do sul, dos
quais derivaram outras escolas baseadas no estilo Shaolin. Assim, o Shaolin de
Henan passou a ser conhecido como Shaolin do Norte. E os estilos criados a
partir do mosteiro de Fukien, ficaram conhecidos como Shaolin do Sul – como o
estilo Choy Li Fut, que foi criado em 1836, por Chan Heung.
República
da China (1912 – 1949)
A
substituição do governo dos Machús pela república não trouxe mais conforto para
o mosteiro Shaolin, que em 1928 sofreu um terceiro incêndio – o mais grave de
todos, durando 40 dias e destruindo templos e documentos valiosos. Por volta
desta época, centros de ensino de kung fu já haviam se espalhado no norte e no
sul: em 1910 foi fundada a Associação Chin Wu, em Shangai e, depois, a Escola
Central de Kuo Shu, em Nanking. Estes dois centros deram origem a uma rede
de academias que, pela primeira vez na
história da China, reuniu os melhores professores dos principais estilos.
A primeira
filial da Escola Central de Kuo Shu, estabelecida em GuangShao(cantão), reuniu
os cinco maiores expoentes do norte da China, que ficaram conhecidos como Cinco
Tigres do Norte. E, em seguida, reuniu os melhores professores de estilos do
Sul, que foram por analogia chamados de Dez Tigres do Sul.
Em 1949, com
a proclamação da República Popular da China, houve um forte movimento de emigração
para Taiwan e Hong Kong, levando muito dos mestres de kung fu. Com o passar do
tempo o aspecto competitivo e esportivo do kung fu é que foi sendo enfatizado
na China, originando as rotinas de competição de Wushu.
República
Popular da China (1949 – Presente)
O kung fu
seguiu crescendo o seu número de praticantes ao redor do mundo, gerando atração
e curiosidade da população. A arte marcial Chinesa começou a ser apresentada de
uma forma mais atrativa e elaborada através de anúncios, como televisão, rádio
e principalmente o Cinema. Séries de TV inspiraram muitas pessoas a praticarem
o kung fu, principalmente após a série Kung Fu de David Carradine, elevou
significativamente a fama da arte marcial chinesa. Atores como Bruce Lee,
Donnie Yen, Jet Li e Jackie Chan, ainda propagam e inspiram a todos através do kung
fu para todo o mundo.
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Alguns trechos foram retirados de um exemplar da Sino Brasileira.