segunda-feira, 24 de agosto de 2015

10 Dinastias que Marcaram o Desenvolvimento do Kung Fu Shaolin

O Kung Fu, apesar de estar presente no cotidiano dos chineses e fazer parte da herança cultural deste povo, tem sua origem distante no tempo(e, para quem está no ocidente, no espaço). A distância aumenta com o segredo que envolveu a prática das artes marciais em alguns períodos, para garantir sua preservação e de seus praticantes. Portanto nem todas as informações tem a precisão histórica com a qual gostaríamos de conter.
A partir do aperfeiçoamento das técnicas de luta entre tribos, foram desenvolvidas as artes marciais, acompanhando os mais antigos registros históricos da antiga China. Eis alguns dos fatos que marcam a existência e o desenvolvimento do Kung Fu:


Dinastia Zhou (Séc. XI – 221 A.C)
Luta livre, arco e flecha, corrida de carruagem eram esportes militares. O Imperador Zhou Wen (298 – 266 A.C) mantinha em sua corte 3.000 convidados que competiam dia e noite para ver quem era o mais hábil no uso da espada. No final deste período – durante a fase dos Estados Combatentes – muita ênfase foi dada à pratica do kung fu, para que um exército se tornasse forte. O mais antigo livro sobre “A arte da Guerra”, escrita por Zi Sun, data também desta época.


Dinastia Han Posterior (25- 220)
Ha Tuo, médico famoso, criou uma sequência de exercícios para saúde que imitavam os movimentos do Tigre, Corvo, Urso, Macaco e Pássaro – o Wuqinxi, Jogo dos Cinco Animais. Este trabalho teve profunda influência nos exercícios direcionados para a saúde na China nos anos posteriores.


Dinastia Jin (265 – 420)

O kung fu recebeu influências do Budismo e do Taoísmo. Go Hong(284 – 364), famoso médico e filósofo taoísta, integrou o QiGong(ou Chi Kung), importante ramificação da medicina chinesa tradicional ao kung fu. Assim, a noção de que o kung fu proporciona tanto o desenvolvimento externo como interno do praticante – o equivalente ao ideal grego de mente sã em corpo sadio – permanece até hoje.




Dinastia Wei do Norte(386 – 534)
Em 495, o monge indiano Ba Tuo veio à China para pregar o budismo. O Imperador Xiao Wen ordenou a construção de um mosteiro para o visitante. Esse mosteiro foi construído nas montanhas Song, na província de Henan. Por localizar-se na floresta, foi chamado de Shaolin北少林 ( – significa Norte, – significa Pequeno, significa Madeira, unindo-os gera Shaolin que pode ser traduzido como Pequeno Bosque, Pequena Floresta ou Jovem Floresta do Norte). O desenvolvimento das artes marciais no mosteiros tem a origem atribuída ao monge indiano Bodhidharma Ta Mo, que durante alguns anos esteve neste mosteiro da China, em torno do ano de 525. Há referências também a dois discípulos de Ba Tuo, Hui Guang e Seng Chou como introdutores do kung fu em Shaolin. O crescimento do kung fu Shaolin deve, de qualquer forma, ser atribuído ao trabalho de vários monges, durante muitos anos. E a  partir do aperfeiçoamento da arte, a história do templo e do próprio kung fu nunca mais seria a mesma.


Dinastia Sui (581 – 618)
Envolvido em guerras, o mosteiro Shaolin sofreu um incêndio- o primeiro dos três que marcariam sua história.


Dinastia Tang(618 – 970)
O Imperador Taizong precisou enfrentar Wang Shichong e recorreu ao mosteiro shaolin, que pela primeira vez foi usado como arma militar do império. O sucesso dos monges, que capturaram Wang vivo, trouxe-lhes  condecorações, 270 mil metros quadrados de terra e apoio para o treinamento dos monges. O desenvolvimento das artes marciais recebeu um forte impulso.


Dinastia Song (960 – 1279)
As demonstrações de kung fu feitas nas ruas atraiam os olhares da população; uma multidão se formava para ver os combates simulados. Um dos imperadores da dinastia, antes de ocupar o trono, dedicou-se a um aprendizado intensivo do kung fu Shaolin e desenvolveu 36 formas de ChangQuan (“punho longo”), que derivariam uma escola com seu nome.



Dinastias Jin e Yuan (1115 – 1368)
 Bai Yufeng, de Shaolin, desenvolveu – baseado no Wuqinxi – Cinco Exercícios de Mãos Lívres, imitando os movimentos do dragão, tigre, leopardo, serpente e garça. Através de seu contemporâneo velho Li, tais técnicas foram ensinadas em algumas províncias – portanto fora do mosteiro. O kung fu Shaolin saiu dos limites budistas e já começou a sofrer variações que formaram outras escolas.


Dinastia Ming (1368 – 1644)
Os monges viviam em paz com o império e desenvolveram-se bastante. Em 1553, o mosteiro Shaolin enviou um grupo de elite de 40 monges liderados por Yue Kong, para combater invasores na costa. Eles venceram muitas batalhas com seus bastões de ferro antes de perderem suas vidas. O general Qi Ji Quan foi autor de um livro e de teorias e métodos que contribuíram muito para o kung fu em geral.


Dinastia Qing (1644 – 1911)
O exército da dinastia Ming foi derrotado pelos invasores Manchu, que fundaram a dinastia Qing.  Muitos oficiais derrotados foram abrigar-se no mosteiro Shaolin. A prática do kung fu foi proibida e surgiram sociedades secretas que visavam tanto a prática das artes marciais como a resistência aos governantes.
Em 1736, o exército Manchu, perseguindo seus oponentes, atacou e incendiou o mosteiro. Mesmo áreas sagradas foram destruídas, como o Templo Shaolin e o cemitério dos monges. Entre os monges e os oficiais, poucos foram os sobreviventes. Os que sobreviveram, no entanto, trabalharam para reconstruir o mosteiro Shaolin e outros fundaram um novo mosteiro, na província de Fukien (ao sul, ver mapa).

O mosteiro de Fukien teve cinco grandes mestres: Zhi San, monge superior; Wu Mei, monja criadora do Wing Chun; Bai Mei, o “sobrancelha branca”; Miao Xian e Feng Dao De. Apesar da curta duração (destruído em 1768), o mosteiro de Fukien divulgou muito a arte de Shaolin através da criação das “36 câmaras de Shaolin”,  salas onde se praticavam diversas técnicas.
Após a destruição do mosteiro de Fukien, estabeleceram-se os cinco clãs do sul, dos quais derivaram outras escolas baseadas no estilo Shaolin. Assim, o Shaolin de Henan passou a ser conhecido como Shaolin do Norte. E os estilos criados a partir do mosteiro de Fukien, ficaram conhecidos como Shaolin do Sul – como o estilo Choy Li Fut, que foi criado em 1836, por Chan Heung.


República da China (1912 – 1949)
A substituição do governo dos Machús pela república não trouxe mais conforto para o mosteiro Shaolin, que em 1928 sofreu um terceiro incêndio – o mais grave de todos, durando 40 dias e destruindo templos e documentos valiosos. Por volta desta época, centros de ensino de kung fu já haviam se espalhado no norte e no sul: em 1910 foi fundada a Associação Chin Wu, em Shangai e, depois, a Escola Central de Kuo Shu, em Nanking. Estes dois centros deram origem a uma rede de  academias que, pela primeira vez na história da China, reuniu os melhores professores dos principais estilos.

A primeira filial da Escola Central de Kuo Shu, estabelecida em GuangShao(cantão), reuniu os cinco maiores expoentes do norte da China, que ficaram conhecidos como Cinco Tigres do Norte. E, em seguida, reuniu os melhores professores de estilos do Sul, que foram por analogia chamados de Dez Tigres do Sul.
Em 1949, com a proclamação da República Popular da China, houve um forte movimento de emigração para Taiwan e Hong Kong, levando muito dos mestres de kung fu. Com o passar do tempo o aspecto competitivo e esportivo do kung fu é que foi sendo enfatizado na China, originando as rotinas de competição de Wushu.


República Popular da China (1949 – Presente)

O kung fu seguiu crescendo o seu número de praticantes ao redor do mundo, gerando atração e curiosidade da população. A arte marcial Chinesa começou a ser apresentada de uma forma mais atrativa e elaborada através de anúncios, como televisão, rádio e principalmente o Cinema. Séries de TV inspiraram muitas pessoas a praticarem o kung fu, principalmente após a série Kung Fu de David Carradine, elevou significativamente a fama da arte marcial chinesa. Atores como Bruce Lee, Donnie Yen, Jet Li e Jackie Chan, ainda propagam e inspiram a todos através do kung fu para todo o mundo.

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Alguns trechos foram retirados de um exemplar da Sino Brasileira.

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